domingo, 16 de janeiro de 2022

Rio de Janeiro

Primórdios da Navegação na Baía de Guanabara

19/07/2016 - Seaerj

Por Milton M.Teixeira

Os primeiros navegantes da Baía de Guanabara foram os índios tamoios. Com efeito, relatos dos jesuítas contam que estes navegavam em canoas feitas com cascas de árvores, capazes de transportar cinqüenta pessoas mais armamentos. Essas canoas causaram grande transtorno aos portugueses nos primeiros tempos e, quando Estácio de Sá as enfrentou numa batalha perto do Morro da Glória, foi ferido de morte por flecha perdida, a 20 de janeiro de 1567.

Após a conquista da Baía pelos portugueses, os jesuítas se utilizaram das canoas indígenas por muitos anos. Depois vieram os barcos e faluas portuguesas, conduzidos por escravos. Uma ida ao outro lado da baía demandava umas quatro horas, com tempo bom. No século XVIII, existiam botes que ligavam diversos pontos do litoral da cidade, de Botafogo à Zona Norte. Somente em 1817 o Rei D. João VI concedeu a dois ingleses, William Spencer e Charles Nicoll, o privilégio de exploração do transporte pela Baía de Guanabara em barcas a vapor, iguais a que existiam nos rios Tamisa, Hudson e Sena. Entretanto, na única experiência realizada, a barca afundou perto da Ponta da Armação, em Niterói, e a concessão caducou.

Em 1821 estabeleceu-se um serviço de navegação a vapor entre o Rio e a Praia Grande, com a barca Bragança. Era muito eficiente, e, por algum tempo, também transportou passageiros para Paquetá e Ilha do Governador, mas, quando se deu a Independência do Brasil, D. Pedro I a requisitou em 1823 para transportar tropas para a Guerra de Independência na Bahia. Lá suas máquinas ficaram arruinadas e não foram mais reparadas.

No dia 14 de outubro de 1835 começou, afinal, um serviço regular de barcas a vapor entre o Rio e o outro lado da baía, com três barcas inglesas armadas em iate, da Companhia de Navegação de Niterói, denominadas Praia Grandense, Niteroiense e Especuladora. Possuíam acomodação para 200/250 pessoas e viajavam de hora em hora, das 6 da manhã às 6 da tarde, fazendo a travessia em 30 minutos.

No Rio, o molhe de atracação ficava na Praia de Dom Manuel (hoje Rua de Dom Manuel!), e em Niterói na Rua da Praia, em frente à antiga Rua do Imperador (hoje Marechal Deodoro). No dia 23 de maio de 1844, às 5 horas da tarde, explodiu as caldeiras da barca Especuladora pouco depois de largar do Rio, perecendo no sinistro cerca de 70 pessoas. Após a catástrofe o Governo determinou vistorias mensais nas máquinas de todas as barcas.

Somente em 1851 foi comprada nova barca, a Niterói, a qual era muito veloz e fazia o percurso da baía em apenas 22 minutos. Nesse mesmo ano foi fundada a Companhia Inhomirim, que explorava a navegação a vapor entre o Porto das Caixas e Estrela, no interior da baía. Logo depois obteve permissão para estender seus serviços até Niterói, com escala em São Domingos.

Em 1852, as duas empresas se fundiram, surgindo daí a Companhia de Navegação de Niterói e Inhomirim, que explorava múltiplas linhas, com seções para Barreto, Ilhas de Paquetá e Governador, Rio Inhomirim e, ainda, para os bairros de São Cristóvão e Botafogo, no Rio.

A 5 de junho de 1858 o Governo Imperial concedeu ao Dr. Clinton Van Tuyl, ou à empresa que organizasse, privilégio para um serviço de comunicações entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, por meio de barcas a vapor do sistema ferry. Organizada a Companhia Ferry, seu serviço foi inaugurado na manhã de domingo, 29 de junho de 1862, com três barcas norte americanas, providas de grandes rodas, com duas proas e capacidade para 300 pessoas, podendo ainda levar carruagens e seus animais. As barcas eram denominadas de: Primeira, Segunda e Terceira, sendo que a família Imperial tomou assento na Segunda. A barca Primeira se atrasou, pois abalroou um patacho, chocou-se contra um flutuante e quase afunda um escaler. A Segunda, que em verdade foi “primeira”, navegou num mar de rosas, tendo aportado em São Domingos, onde o Imperador foi recebido pelo Presidente da Província, Luís Alves Leite de Oliveira Belo, e outras autoridades. Depois de excursionar por Niterói, D. Pedro II retornou ao Rio na barca Terceira. A Companhia Ferry era tão eficiente que seu concorrente, a Companhia de Navegação de Niterói e Inhomirim não resistiu à competição e suspendeu os serviços em fins de 1865.

Pouco depois, a Companhia Ferry pôs em serviço mais duas barcas: a Quarta e a Quinta, e, mais tarde, a Sexta e a Sábado, estendendo o horário do serviço até às 11:30h da noite.

Em 1870 surgiu a Empresa Fluminense, fundada por Carlos Fleiuss, mas logo depois foi vendida para a Companhia Ferro-Carril Niteroiense, sendo afinal absorvida pela Companhia Ferry em junho de 1877. Com mais barcas, a companhia estendeu seus serviços até a Ilha de Paquetá. A 1o. de outubro de 1889, ela se incorporou à Empresa de Obras Públicas no Brasil, organizando-se então, a Companhia Cantareira e Viação Fluminense, com a finalidade de explorar, não só a navegação a vapor na Baía de Guanabara, como os serviços de abastecimento d`água e de bondinhos de burro em Niterói. Teve longa vida essa companhia, sendo apenas extinta na década de 1950.

Por ocasião da Revolta da Armada na Baía de Guanabara, em 1893/4, a barca segunda foi afundada por um tiro de canhão, ficando suspensos os serviços marítimos por quase seis meses. Aproveitou a Companhia para reformar as barcas e dota-las de luz elétrica. Um defeito nesse sistema ocasionou um grande incêndio na barca Terceira, ao anoitecer do dia 6 de janeiro de 1895, próximo a São Domingos, perecendo no sinistro 80 pessoas.

Outro grande incidente ocorreu na tarde do dia 26 de outubro de 1915, quando a barca Sétima (a sábado já havia sido retirada de serviço) afundou ao bater num recife submerso. Na ocasião, ela transportava 328 alunos do Colégio Salesiano de Santa Rosa, Niterói, matando 7 estudantes de doze a quinze anos e um seminarista, o professor Otacílio Nunes.

Em 1958, a Companhia Cantareira e outras foram adquiridas pela Família Carreteiro, proprietária da Frota Barreto, a penúltima empresa particular que operou o transporte de massa entre o Rio e Niterói. A queda de qualidade dos serviços da Frota Barreto motivou grande revolta popular em 1959, quando a antiga estação hidroviária de Niterói foi incendiada e depredadas várias barcas, em tumultos que duraram alguns dias.

Depois da revolta, houve uma intervenção federal na empresa que durou cinco anos, após o que os transportes marítimos de massa pela baía foram estatizados e mantidos pelo Serviço de Transportes da Baía de Guanabara (STBG), depois CONERJ, até que a 12 de fevereiro de 1998 o controle acionário passou para um grupo de empresas privadas pelo prazo de 25 anos renováveis, surgindo daí a empresa BARCAS S/A, a qual, presentemente, opera cinco linhas, com quinze lanchas, dois catamarãs e quatro barcos; possuindo quatro estações, pelas quais passam em média 70 mil passageiros/dia.









terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Belém do Pará

Terminal Hidroviário de Belém registra mais de 600 mil usuários em 2021

03/01/2022 - O Liberal

O THB opera todos os dias da semana, das 6h às 18h, com oito linhas fluviais.

Ao todo, 21 embarcações operam linhas no Terminal Hidroviário de Belém (Reprodução / Agência Pará)


O Terminal Hidroviário de Belém fechou o ano de 2021 com o total de 613.703 mil usuários. Um aumento de cerca de 8% em relação ao ano de 2020, com 574.408 passageiros. O THB tem gestão da Companhia de Portos e Hidrovias do Estado do Pará e segue cumprindo os protocolos contra a covid-19.

Inaugurado no ano de 2014, o Terminal tem registrados 4.688 milhões de passageiros. Em 2021, um total de 613.703 mil usuários passaram pelo espaço, um aumento de aproximadamente 8% em relação ao ano de 2020, quando 574.408 pessoas foram registradas. Em 2021, o THB teve uma média mensal de mais de 51 mil usuários por mês e quase dois passageiros por dia. As localidades de Camará, Ponta de Pedras, Soure, Cachoeira do Arari e Santa Cruz do Arari foram os destinos mais procurados em 2021.

"Em 2021, o Terminal Hidroviário de Belém continuou oferecendo seus serviços de excelência para os usuários que precisam se deslocar para o interior do Estado e vice-versa. Hoje temos um porto que oferece conforto tanto para turistas quanto para os usuários do Estado. Como ainda estamos na pandemia, também reforçamos os protocolos de segurança contra a covid-19 e higienizamos o porto constantemente", frisou Abraão Benassuly, presidente da CPH.

De acordo com o THB, todos os usuários que chegam ou partem do local passam por aferição de temperatura e são orientados por técnicos em saúde da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) sobre a covid-19. Fiscais da Companhia também utilizam máscaras, luvas, e fazem o uso de álcool em gel para atender aos passageiros. Além disso, foram afixados cartazes sobre dicas de prevenção da doença por todo o espaço e o sistema de som do THB orienta, minuto a minuto, para que os passageiros cumpram o distanciamento de segurança e utilizem máscaras. Espaços entre as poltronas também foram demarcados para evitar aglomerações.

Serviço

O Terminal Hidroviário de Belém opera todos os dias da semana, das 6h às 18h, com oito linhas fluviais, sendo seis intermunicipais e duas interestaduais. Ao todo, 21 embarcações atendem as linhas, que são oferecidas por 13 empresas de navegação.

As intermunicipais fazem o trajeto Belém – Camará – Belém; Belém – Soure/Salvaterra – Belém; Belém – Cachoeira do Arari – Belém; Belém – Santa Cruz do Arari – Belém; Belém – Ponta de Pedras – Belém e Belém – Mocajuba - Belém. Já as interestaduais operam o percurso Belém – Macapá – Belém e Belém – Manaus – Belém.

Essas linhas atendem ainda 20 localidades entre os estados do Pará, Amapá e Amazonas. São elas: Almeirim-PA, Belém-PA, Breves-PA, Cachoeira do Arari-PA, Camará-PA, Gurupá-PA, Itacoatiara-AM, Juruti-PA, Macapá-AP, Manaus-AM, Mocajuba-PA, Monte Alegre-PA, Óbidos-PA, Parintins-AM, Ponta de Pedras-PA, Prainha-PA, Salvaterra-PA, Santa Cruz do Arari-PA, Santarém-PA e Soure-PA.