sábado, 8 de agosto de 2015

Catamarã quebra e atrasa saída de moradores da Estação de Cocotá, na Ilha do Governador

Embarcação deveria substituir uma das barcas tradicionais que operam na Baía de Guanabara há mais de seis décadas

POR TAÍS MENDES

07/08/2015 - O Globo

Catamarã Harpia apresentou defeito e atrasou viagem de Cocotá em 28 minutos - Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO - Na manhã desta sexta-feira, a CCR Barcas optou por trocar a costumeira embarcação tradicional por um catamarã mais moderno na viagem das 7h, que sairia da estação de Cocotá, na Ilha do Governador. A medida deveria servir como alento para os usuários do sistema de barcas que nos últimos dias enfrentaram problemas no transporte. Com capacidade menor, um catamarã não daria para transportar todos os moradores da região. Foi necessário enviar uma segunda embarcação, a Harpia, mas no caminho para Cocotá ela quebrou. Resultado: uma terceira barca foi necessária, mas deixou a estação da ilha após 28 minutos de atraso. A concessionária afirma que funcionários comunicaram o problema pelo alto-falante e que foram distribuídos cartões para quem quisesse utilizar outro meio de transporte. Ainda de acordo com a CCR, nenhum passageiro aceitou a oferta.

Quando as barcas começaram a fazer o transporte de passageiros para a Ilha do Governador, nos anos 1980, eram apenas dois horários, pela manhã saindo da Ilha, e retornando à noite. E mesmo assim pegando uma carona com a barca que fazia a linha de Paquetá, que parava na Ribeira antes de seguir viagem. Trinta anos se passaram, a Ilha do Governador ganhou uma linha própria e uma nova estação em Cocotá, mas as barcas são as mesmas. Hoje chamadas de tradicionais, elas ainda são indispensáveis ao sistema que transporta cerca de 110 mil passageiros por dia pela Baía de Guanabara. As mais novas são de 1986 e a mais velha é de 1951.

O embarque na estação de Cocotá é rápido, embora a estação não seja nada confortável (poucos bancos e um único bebedouro, que na manhã desta quinta-feira estava quebrado por fora, mas funcionando). As barcas tradicionais, com capacidade para até duas mil pessoas, deixam o cais de Cocotá cheias durante boa parte da manhã. A viagem de 55 minutos em bancos de madeira e, às vezes até em pé, também não é nada confortável. Os banheiros estão frequentemente sujos e há poucos bebedouros que ainda funcionam. É preciso também viajar atento para espantar as baratinhas que dividem espaço com os passageiros.

Moradora da Ilha do Governador há 32 anos, a jornalista Luzia Barbosa da Silva, de 62 anos , é do tempo em que a barca era compartilhada com os moradores de Paquetá e parava em Ribeira:

— Não mudou muita coisa. Temos mais horários de partida e chegada, mas ainda são insuficientes para a demanda. Com a falta de segurança nos ônibus, aumentou muito os passageiros das barcas, que continua a mesma, um horror. Cheia de baratas. Os banheiros estão sempre imundos. Nem uso — criticou.

A jornalista destacou, ainda, o isolamento da estação de Cocotá.

— Não há acesso por ônibus. Pago uma fortuna de estacionamento, mas ainda é melhor do que ir para o centro de carro.

A partir das 11h, as barcas tradicionais saem de cena e entram os catamarãs sociais. Eles são mais novos, com capacidade de 600 a 1,3 mil passageiros, mas já começam a apresentar sinais de desgastes e falta de manutenção. O Harpa, que fez o trajeto da ilha para a Praça Quinze no horário das 11h40m, é moderno, confortável e bem refrigerado. Mas nem todos são assim. No início desta semana, o passageiro Olímpio Rodrigues fotografou o compartimento do catamarã social Gávea I e, onde deveria estar disponíveis os coletes infantis, havia apenas um colete e uma lata de lixo.

— Levei um susto. Isso é muito grave — comentou.

Não há previsão de barcas novas para a Ilha do Governador. As oito embarcações que chegam até o primeiro semestre do ano de 2016 farão as linhas Niterói, Charitas e Paquetá. O Secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, já havia anunciado que ainda não há previsão orçamentária para melhorar o transporte aquaviário para a ilha.

— Moramos em uma ilha e o transporte por barcas deveria ser priorizado — comentou Luzia.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/catamara-quebra-atrasa-saida-de-moradores-da-estacao-de-cocota-na-ilha-do-governador-17113078#ixzz3iEd5vAZk 
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