quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Firjan propõe mais 14 linhas de barcas

26/08/2015 - O Dia

Firjan propõe mais 14 linhas de barcas
Novas estações podem tirar mais de 100 mil carros das ruas

GUSTAVO RIBEIRO
Rio - A solução para desafogar o trânsito no Grande Rio pode estar na Baía de Guanabara. Estudo realizado há dois anos mostrou que os congestionamentos na Região Metropolitana chegam a 130 quilômetros por dia, o que equivale a pouco mais de duas Avenidas Brasil, a maior via expressa da cidade, ou dez pontes Rio-Niterói completamente paradas — e muita paciência envolvida. A Firjan (federação das indústrias do estado), que fez o cálculo na ocasião, deu a receita que seria capaz de reduzir a quase um terço os engarrafamentos. Nota técnica divulgada ontem pela entidade aponta que existe demanda suficiente, e, portanto, viabilidade comercial, para a criação de 14 novas linhas hidroviárias na Baía de Guanabara e nas lagoas da Barra da Tijuca. 

Se todos os projetos fossem implementados, essas rotas teriam potencial para absorver 272,4 mil viagens por dia e tirar 100,9 mil veículos das ruas. A extensão diária dos congestionamentos diminuiria 84,1 km. "Comprovamos que existe demanda. O que resta para essas propostas saírem do papel é estratégia de governo para optar por torná-las realidade", diz Riley Rodrigues, especialista em competitividade industrial e investimentos do Sistema Firjan. 
 

Foto:  Arte O Dia

Só no eixo da Baía de Guanabara, que hoje conta com apenas quatro rotas de barcas, são propostas 11 novas ligações. Dessas, cinco conectam a cidade do Rio ao Leste Fluminense: Praça 15-Gradim (São Gonçalo), Botafogo-Praça Arariboia (Niterói), Botafogo-Charitas (Niterói), Praça 15-Itaipu (Niterói) e Cocotá (Ilha do Governador)-Gradim. Partindo da Praça 15, haveria ainda a possibilidade de oferecer transporte aquaviário até Duque de Caxias, ao Aeroporto do Galeão, à Ilha do Fundão e à Ribeira (ligação desativada há pouco tempo). Outros dois serviços propostos seriam entre o Aterro do Flamengo, na altura do Museu de Arte Moderna, e o Galeão, além do deslocamento dentro de Niterói entre a Praça Arariboia e Itaipu. Em conjunto, estas novas linhas poderiam prover mais de 156 mil viagens por dia, 57,8 mil veículos a menos no trânsito. 

A universitária Carolina Zacharski, de 23 anos, que se desloca frequentemente entre Botafogo e Charitas, onde estuda, gasta até 1h10 no percurso, indo de ônibus. De acordo com Riley Rodrigues, o tempo cairia para entre 15 e 20 minutos apenas, dependendo se o tipo de embarcação escolhido fosse um catamarã, como os que são operados pela CCR Barcas nas linhas atuais, ou aerobarco. "Seria perfeito! Muitos estudantes das faculdades do Rio moram em Niterói e São Gonçalo e seriam beneficiados", comenta a futura enfermeira. 

A também estudante Camila Lopes, 23, leva 45 minutos da Central do Brasil até Caxias entre o trabalho e a faculdade. O trajeto pelo mar seria traçado de 25 a 40 minutos, conforme o estudo da Firjan, o que também dependeria do modelo de barco. "Os trens não estão mais tão ruins como antigamente, consigo até vir sentada. Mas, se eu puder chegar em 20 minutos, com certeza vou de barca", planeja. 

A federação também sugere ligação entre a Barra da Tijuca e o Centro com o uso de embarcações próprias para navegação em mar aberto, o que seria capaz de liberar, ao longo do dia, 32,8 km de vias rodoviárias. Estima-se que o serviço hidroviário tenha potencial para realizar até 106,4 mil viagens diárias, o equivalente a 15,6% das 679, 3 mil viagens/dia feitas hoje nesse trajeto por meios convencionais.A nota técnica também defende a criação de linhas internas na Barra, utilizando as lagoas de Marapendi e de Jacarepaguá. 

"As ligações hidroviárias no complexo lagunar da Barra possibilitariam aos usuários saltarem próximo à futura estação da Linha 4 do metrô, no Jardim Oceânico, que fará a conexão da Barra da Tijuca com a Zona Sul e o Centro. A partir da combinação das hidrovias com a Linha 4 do metrô, seria possível retirar milhares de veículos ao longo do trajeto Barra da Tijuca-Centro, reduzindo ainda mais os congestionamentos", sustenta o estudo. 

A Secretaria Estadual de Transportes vai apresentar, neste semestre, o resultado do Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU) e do Plano Estratégico de Logística de Cargas (PELC), que projetam o desenvolvimento da mobilidade e direcionam os investimentos em infraestrutura no estado. O órgão também fará avaliação técnica se é possível viabilizar as linhas. 

Parte das linhas apontadas já havia sido cogitada, mas, segundo Riley, a teoria de que não havia demanda sempre derrubou os projetos. Em alguns casos, são necessários investimentos maiores, como a complexidade de dragagem na região de São Gonçalo e Duque de Caxias e a necessidade de abertura de um canal na Ilha do Fundão. "Esse momento de crise financeira é o ideal para se pensar em soluções que potencializam a economia. Os engarrafamentos na Região Metropolitana geraram um custo de R$ 29 bilhões em 2013 (os números levam em conta a remuneração média do trabalhador local por minuto que ele perde no trânsito). O governo deve estabelecer parcerias com a iniciativa privada." 

Engenheiro de Transportes da Uerj, Alexandre Rojas critica o estudo. "Essas linhas não têm demanda e mais operações na Baía só seriam possíveis se ela fosse despoluída e se houvesse controle do tráfego de navios. Isso é um pesadelo." Já Eva Vider, engenheira de Transportes da UFRJ, é a favor. "A maioria dessas rotas foi proposta no Plano Diretor de 2003. Um modal não compete com os outros, eles devem se somar." 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Novo catamarã que vai operar na linha de Paquetá chega ao Rio

24/08/2015 - O Fluminense

Embarcação, que possui 500 lugares e tem espaço para transporte de cargas, deverá entrar em operação em setembro


Embarcação Ilha Grande substituirá a antiga embarcação, da década de 60, que será retirada de operação
Foto: Divulgação / Governo do Estado / Henrique Freire

A Secretaria de Transportes (Setrans) informou nesta segunda-feira (24) que o novo catamarã Ilha Grande, que vai operar na linha Praça XV-Paquetá, chegou ao Rio de Janeiro. A embarcação, fabricada pelo estaleiro INACE, do Ceará, tem capacidade para transportar 500 passageiros e segue o mesmo padrão das embarcações chinesas adquiridas pelo Governo do Estado para o trajeto Praça XV-Arariboia. A embarcação Ilha Grande passará por registro, homologação, vistoria, teste de mar e deve entrar em operação até o final do mês de setembro.

A Ilha Grande tem acessibilidade plena e conta com sistema de ar-condicionado, poltronas acolchoadas, bicicletário, maior espaço interno e velocidade. A novidade é o espaço para cargas, antiga reivindicação dos moradores d​e​ Paquetá, que agora poderão utilizar a barca para transportar, por exemplo, compras, móveis e eletrodomésticos. ​Além disso, por ser uma barca mais rápida e moderna, o tempo de travessia será reduzido em 20 minutos.

A embarcação Ilha Grande substituirá a antiga embarcação, da década de 60, que será retirada de operação. A compra dessas barcas faz parte do processo de modernização da frota do sistema aquaviário. 

Além de dois catamarãs fabricados no Brasil, outras sete barcas de 2 mil lugares foram compradas do estaleiro chinês Afai Southern Shipyard para atender a travessia Rio-Niterói. O primeiro novo catamarã a chegar no Rio, Pão de Açúcar, está em operação desde março. O segundo, Corcovado, entrou em circulação no dia 10 de agosto. A próxima embarcação chinesa a ser entregue será o catamarã Itacoatiara, que já está fazendo teste de mar na China. ​

sábado, 8 de agosto de 2015

Catamarã quebra e atrasa saída de moradores da Estação de Cocotá, na Ilha do Governador

Embarcação deveria substituir uma das barcas tradicionais que operam na Baía de Guanabara há mais de seis décadas

POR TAÍS MENDES

07/08/2015 - O Globo

Catamarã Harpia apresentou defeito e atrasou viagem de Cocotá em 28 minutos - Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO - Na manhã desta sexta-feira, a CCR Barcas optou por trocar a costumeira embarcação tradicional por um catamarã mais moderno na viagem das 7h, que sairia da estação de Cocotá, na Ilha do Governador. A medida deveria servir como alento para os usuários do sistema de barcas que nos últimos dias enfrentaram problemas no transporte. Com capacidade menor, um catamarã não daria para transportar todos os moradores da região. Foi necessário enviar uma segunda embarcação, a Harpia, mas no caminho para Cocotá ela quebrou. Resultado: uma terceira barca foi necessária, mas deixou a estação da ilha após 28 minutos de atraso. A concessionária afirma que funcionários comunicaram o problema pelo alto-falante e que foram distribuídos cartões para quem quisesse utilizar outro meio de transporte. Ainda de acordo com a CCR, nenhum passageiro aceitou a oferta.

Quando as barcas começaram a fazer o transporte de passageiros para a Ilha do Governador, nos anos 1980, eram apenas dois horários, pela manhã saindo da Ilha, e retornando à noite. E mesmo assim pegando uma carona com a barca que fazia a linha de Paquetá, que parava na Ribeira antes de seguir viagem. Trinta anos se passaram, a Ilha do Governador ganhou uma linha própria e uma nova estação em Cocotá, mas as barcas são as mesmas. Hoje chamadas de tradicionais, elas ainda são indispensáveis ao sistema que transporta cerca de 110 mil passageiros por dia pela Baía de Guanabara. As mais novas são de 1986 e a mais velha é de 1951.

O embarque na estação de Cocotá é rápido, embora a estação não seja nada confortável (poucos bancos e um único bebedouro, que na manhã desta quinta-feira estava quebrado por fora, mas funcionando). As barcas tradicionais, com capacidade para até duas mil pessoas, deixam o cais de Cocotá cheias durante boa parte da manhã. A viagem de 55 minutos em bancos de madeira e, às vezes até em pé, também não é nada confortável. Os banheiros estão frequentemente sujos e há poucos bebedouros que ainda funcionam. É preciso também viajar atento para espantar as baratinhas que dividem espaço com os passageiros.

Moradora da Ilha do Governador há 32 anos, a jornalista Luzia Barbosa da Silva, de 62 anos , é do tempo em que a barca era compartilhada com os moradores de Paquetá e parava em Ribeira:

— Não mudou muita coisa. Temos mais horários de partida e chegada, mas ainda são insuficientes para a demanda. Com a falta de segurança nos ônibus, aumentou muito os passageiros das barcas, que continua a mesma, um horror. Cheia de baratas. Os banheiros estão sempre imundos. Nem uso — criticou.

A jornalista destacou, ainda, o isolamento da estação de Cocotá.

— Não há acesso por ônibus. Pago uma fortuna de estacionamento, mas ainda é melhor do que ir para o centro de carro.

A partir das 11h, as barcas tradicionais saem de cena e entram os catamarãs sociais. Eles são mais novos, com capacidade de 600 a 1,3 mil passageiros, mas já começam a apresentar sinais de desgastes e falta de manutenção. O Harpa, que fez o trajeto da ilha para a Praça Quinze no horário das 11h40m, é moderno, confortável e bem refrigerado. Mas nem todos são assim. No início desta semana, o passageiro Olímpio Rodrigues fotografou o compartimento do catamarã social Gávea I e, onde deveria estar disponíveis os coletes infantis, havia apenas um colete e uma lata de lixo.

— Levei um susto. Isso é muito grave — comentou.

Não há previsão de barcas novas para a Ilha do Governador. As oito embarcações que chegam até o primeiro semestre do ano de 2016 farão as linhas Niterói, Charitas e Paquetá. O Secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, já havia anunciado que ainda não há previsão orçamentária para melhorar o transporte aquaviário para a ilha.

— Moramos em uma ilha e o transporte por barcas deveria ser priorizado — comentou Luzia.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/catamara-quebra-atrasa-saida-de-moradores-da-estacao-de-cocota-na-ilha-do-governador-17113078#ixzz3iEd5vAZk 
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Novo catamarã em operação dia 10 de julho de 2015

06/08/2015 - O Fluminense

Secretário de Estado de Transportes passa o dia acompanhando o serviço na travessia entre a Praça Arariboia e a Praça XV



O catamarã Corcovado, que chegou da China recentemente, entrará em operação na próxima segunda-feira
Divulgação

O catamarã Corcovado, uma das embarcações compradas na China, entrará em funcionamento na próxima segunda-feira. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (6), pelo secretário de Estado de Transportes, Carlos Roberto Osório, que passou o dia acompanhando as operações de travessia entre as estações da Praça Arariboia e Praça XV, realizadas pela concessionária CCR Barcas. Na ocasião, o secretário ainda confirmou que a embarcação Itacoatiara deverá chegar ao Rio de Janeiro no final de setembro.  

De acordo com o secretário, hoje, a capitania dos portos entregará a documentação e a homologação do catamarã Corcovado. 

"Para liberar a embarcação Pão de Açúcar levamos 60 dias. A Corcovado será libera com 35. Solicitamos urgência no pedido, visando aumentar a oferta e melhorar o atendimento aos usuários que utilizam o meio de transporte. Com esta nova embarcação em funcionamento, os passageiros logo sentirão a diferença", contou.

Osório ainda explicou que o catamarã Itacoatiara já está fazendo testes na água.

"A nova embarcação já foi para água. O estaleiro que a produziu nos enviará no início de setembro, e ela deve chegar no final do mês. Até regularizamos a documentação, no final de outubro ela também já estará funcionando", explicou.

Nesta quinta-feira, entre os horários de 8h e 9h, os usuários tiveram que enfrentar fila novamente na estação da Praça Arariboia. Segundo eles, apesar do catamarã Pão de Açúcar estar operando normalmente, as saídas para a Praça XV tiveram atraso. Osório avaliou a maior parte das reclamações com relação à falta de pontualidade e pelo estado de conservação das embarcações. 

"Passei o dia me deslocando entre as duas estações. Ouvi as reivindicações, críticas e sugestões dos passageiros que utilizam o serviço diariamente. É inaceitável que uma concessionária desse porte receba tantas críticas. A CCR Barcas ainda será multada em R$ 400 mil, pela Agetransp por conta do acidente no mês passado na praça XV, que deixou 12 feridos", disse.

Carlos Roberto Osório se reuniu com o comandante da Capitania dos Portos. Na reunião ficou decidido que não haverá mais vistorias durante os horários de pico nas travessias Rio-Niterói, pois segundo o secretário, a remoção da embarcação Pão de Açúcar, das 17h às 19h, para uma vistoria foi a responsável pelas filas na Praça XV, na quarta-feira.

O secretário disse ainda que está trabalhando no projeto da Linha 3 do metrô entre Niterói e São Gonçalo, que ficará pronto em setembro.

"Queremos implantar o metrô por via aérea. Ele irá passar por um pontilhão, uma espécie de estrutura metálica, e não terá muros como uma via férrea", disse. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Osorio é vaiado por passageiros após fazer a travessia Rio-Niterói no catamarã Pão de Açúcar

Secretário de Transportes também anunciou que a barca Corcovado deve entrar em operação a partir de semana que vem

POR TAÍS MENDES

06/08/2015 - O Globo


Osório é vaiado na chegada à estação da Praça Arariboia, em Niterói - Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO - O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, fez a travessia Rio-Niterói, na manhã desta quinta-feira, na embarcação Pão de Açúcar, que apresentou problemas nesta quarta-feira e não pôde circular por duas horas, provocando extensas filas na Praça Arariboia. No desembarque em Niterói, a presença de Osorio foi logo percebida. Os passageiros que aguardavam o embarquecomeçaram a vaiá-lo. Muitos faziam sinais negativos e pediam que a CCR fosse retirada da concessão das barcas.

— Tudo isso é mentira. Hoje eles estão aqui com todo cuidado, passando as informações pelo alto-falante e com muitos funcionários para ajudar. Normalmente, não é assim. Foi só porque o secretário estava na barca — criticou a professora Maria de Fátima Braga Leite.

Diante das vaias e dos gritos da população: "Fora CCR", Osorio não se intimidou. Foi em direção aos passageiros na tentativa de explicar que está tentando melhorar o transporte.

— Tenho que falar com as pessoas. Eles não gostam da CCR porque há um histórico de dificuldades. E a população reclama com todo direito. Mas o governo tem que dialogar. O serviço está melhorando, mas ainda é deficitário porque ficou 30 anos sem investimentos — argumentou o secretário.

De acordo com o Osorio, o fabricante da Pão de Açúcar já foi notificado para esclarecer o que provocou o defeito.

— Não queremos e não podemos ter problemas com a barca nova. Os fabricantes estiveram na barca, solucionaram o problema, mas queremos saber o que aconteceu — disse o secretário.

Nesta quinta-feira, ele também terá uma reunião com a Capitania dos Portos para ajustar as vistorias em embarcações e evitar que sejam feitas em horários de rush.

— Vamos falar de tudo, das vistorias que podem ser feitas no meio da tarde ou no fim de semana; do que aconteceu nesta quarta com a Pão de Açúcar; e da Corcovado, que já está em Niterói e deve começar a funcionar na semana que vem. Essa é a boa notícia para o morador de Niterói.

Ainda de acordo com o secretário, as embarcações antigas Vital Brazil e Boa Viagem já foram aposentadas e, até o fim do ano, todas as barcas convencionais deixarão de funcionar

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/osorio-vaiado-por-passageiros-apos-fazer-travessia-rio-niteroi-no-catamara-pao-de-acucar-17101594#ixzz3i2OsZeLB 
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Catamarã novo para duas vezes e causa transtornos

06/08/2015 -  O Globo

O mais novo catamarã da frota de barcas que fazem a travessia Rio-Niterói, o Pão de Açúcar, que entrou em operação em março deste ano, apresentou defeito técnico na manhã de ontem. O resultado foram filas que ultrapassavam a estação e se estendiam pela Praça Arariboia, em Niterói. Outras quatro embarcações da concessionária CCR Barcas fizeram a travessia até que o catamarã pudesse se unir à frota, o que só aconteceu às 9h, duas horas e meia após o problema ter sido detectado.

À noite, mais uma vez, os passageiros precisaram de paciência na volta para casa, porque a barca Pão de Açúcar — que só opera em horários de pico — precisou passar por uma vistoria da Capitania dos Portos. Ela só voltou a circular às 19h20, mais de duas horas depois do horário habitual, que é às 17h.

A espera pelo transporte chegou a demorar uma hora, provocando longas filas, desta vez, na estação da Praça Quinze. Sem informações sobre o atraso, passageiros chegaram a pular as roletas e tentaram quebrar as portas de vidro da estação.

Apesar de estar há menos de cinco meses em uso, esta não é a primeira vez que a embarcação, com capacidade para duas mil pessoas, apresenta defeito. No dia 13 de julho, a barca parou no meio da Baía de Guanabara, mas o problema acabou sendo solucionado sem a necessidade de tirá-la de circulação.

Os atrasos atrapalharam a vida de muita gente. O professor Marcos Teixeira Filho, de 42 anos, contou que a espera na Praça Arariboia, pela manhã, foi de 25 minutos.

— Quando cheguei na estação, levei um susto, pois havia muita gente. Hoje (ontem) vou chegar atrasado na sala de aula — reclamava.

A médica Mônica Ferreira Gomes, de 35 anos, desembarcou quase correndo:

— Tenho que acelerar o passo porque já tenho pacientes me esperando.

Quem não estava com tanta pressa aproveitou para criticar o transporte.

— O transporte aquaviário é intenso na Baía e precisamos de barcas realmente novas, não essa que já chegou cheia de problemas — disse o advogado Mário Leitão, de 57 anos.

O secretário estadual de Transporte, Carlos Roberto Osorio, disse que o catamarã Pão de Açúcar ainda está na garantia. Segundo ele, a fabricante, uma empresa chinesa, já foi notificada para explicar os motivos das falhas técnicas.

OUTROS PROBLEMAS

Há três semanas, uma falha no motor fez com que a barca Boa Viagem batesse de frente contra o cais da extinta Transtur, na Praça Quinze. O acidente deixou 13 pessoas feridas. No mesmo dia, Osorio ordenou a retirada definitiva da embarcação de circulação, além de outras três também construídas nos anos 60, que só fariam o transporte de passageiros após uma vistoria técnica. Mesmo assim, no dia seguinte, uma delas, a Martim Afonso, apresentou defeito no trajeto Paquetá-Praça Quinze.

Desde 2012, quando assumiu a operação das barcas, a CCR Barcas recebeu 14 multas por falhas operacionais e em equipamentos, totalizando R$ 4,9 milhões, segundo a Agetransp. Ainda segundo a agência, somente sete penalidades, que chegam a R$ 2,8 milhões, foram pagas ou estão sendo pagas.


Em nota, a CCR Barcas afirmou que, pela manhã, a Pão de Açúcar apresentou "problemas técnicos" por volta das 6h30, e uma equipe da empresa fabricante da embarcação, em conjunto com técnicos da CCR, trabalhou para solucionar o problema. Já à noite, segundo a CCR, a vistoria no catamarã deixou os horários das viagens até Niterói irregulares. 

Osorio é vaiado por passageiros após fazer a travessia Rio-Niterói no catamarã Pão de Açúcar

RIO - O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, fez a travessia Rio-Niterói, na manhã desta quinta-feira, na embarcação Pão de Açúcar, que apresentou problemas nesta quarta-feira e não pôde circular por duas horas, provocando extensas filas na Praça Araribóia. No desembarque em Niterói, a presença de Osorio foi logo percebida. Os passageiros que aguardavam o embarque embarcação começaram a vaiá-lo. Muitos faziam sinais negativos e pediam que a CCR fosse retirada da concessão das barcas.

— Tudo isso é mentira. Hoje eles estão aqui com todo cuidado, passando as informações pelo alto falante e com muitos funcionários para ajudar. Normalmente não é assim. Foi só porque o secretario estava na barca — criticou a professora Maria de Fátima Braga Leite.

Diante das vaias e dos gritos da população: "Fora CCR", Osorio não se intimidou. Foi em direção aos passageiros na tentativa de explicar que está tentando melhorar o transporte.

— Tenho que falar com as pessoas. Eles não gostam da CCR porque temos um histórico de dificuldades. E a população reclama com todo direito. Mas o governo tem que dialogar. O serviço está melhorando, mas ainda é deficitário porque ficou trinta anos sem investimentos — argumentou o secretário.

De acordo com o Osorio, o fabricante da Pão de Açúcar já foi notificado para esclarecer o que provocou o defeito.

— Não queremos e não podemos ter problemas com a barca nova. Os fabricantes estiveram na barca, solucionaram o problema, mas queremos saber o que aconteceu — disse o secretário.

Nesta quinta-feira, ele também terá uma reunião com a Capitania dos Portos para ajustar as vistorias em embarcações e evitar que sejam feitas em horários de rush.

— Vamos falar de tudo, das vistorias que podem ser feitas no meio da tarde ou no fim de semana, do que aconteceu ontem com a Pão de Açúcar e da Corcovado, que já está em Niterói e deve começar a funcionar na semana que vem. Essa é a boa notícia para o morador de Niterói.

Ainda de acordo com o secretário, as embarcações antigas Vital Brazil e Boa Viagem já foram aposentadas e, até o fim do ano, todas as barcas convencionais deixarão de funcionar.