sábado, 19 de novembro de 2022

Rio de Janeiro

Histórico

Em 1835, a Companhia Nictheroy e Inhomirim inaugura o serviço de barco a vapor entre a Corte e a Villa Real de Praia Grande (São Domingos), atual Niterói. O primeiro ensaio de navegação a vapor do Brasil. Levando o serviço de barcos à vela (falunas) a falência.

Em 9 de janeiro de 1839, entra no porto do Rio de Janeiro o barco a vapor São Sebastião, o primeiro da companhia brasileira fundada por J. T. Thomas para interligar as províncias do império.

Em maio de 1840, a Companhia Nictheroy e Inhomirim inaugura a linha de barco a vapor entre a Cidade e o porto da Estrella no rio Inhomirim, no fundo da baía de Guanabara. Primeiro ensaio de navegação a vapor fluvial na província do Rio de Janeiro.


Correio Mercantil, 25/06/1857, p.3
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Jornal do Commercio, 18/08/1859, p.2
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Em junho de 1862, a Companhia Ferry inaugura o serviço de Ferry entre o Rio de Janeiro e Nictheroy, mais rápido e cômodo, levando a Companhia Nictheroy e Inhomirim a falência.


Diário do Rio de Janeiro, 09/06/1863, p.1
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Jornal da Tarde, São Paulo, 29/12/1879, p.2

Niterói

O Jornal, 23/02/2950
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O Jornal, 09/08/1964, p.16

O Globo, 10/04/1974

O Globo, 11/11/1976

Linha Praça 15 - Porto da Madama proposta pelo
Sistema Integrado de Transportes de 1985


Em julho de 2023, o governo do estado do Rio de Janeiro lança um aviso público de manifestação de interesse privado para a implantação de uma linha de barcas entre os aeroportos Santos Dumont  e Galeão.


REFERÊNCIAS:

SOUZA, Augusto Fausto de. A Bahia do Rio de Janeiro: sua historia e descripção de suas riquezas. 1882. Rio de Janeiro. p.48.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Internacional


Em 1823, o serviço de paquetes entre Lisboa e Falmouth, na Inglaterra, era realizado exclusivamente com barcos a vapor.




REFERÊNCIAS:

América do Norte. A Estrela Brasileira. Rio de Janeiro. 28 novembro 1823. p.4.


sábado, 8 de outubro de 2022

Recife


Barca Garcia D´Ávila da CTU ancorada no terminal da rua do Sol
Cartão postal circulado em fevereiro de 1974





sexta-feira, 29 de julho de 2022

Santos

Governo entrega lancha com 185 lugares para travessia Santos/Vicente de Carvalho

28/07/2022 - ABC do ABC

A Itapema é a 13ª embarcação a passar por reforma desde 2019, dentro do programa de melhorias do Departamento Hidroviário

Divulgação


A Secretaria Estadual de Logística e Transportes colocou em operação nesta quinta-feira (28) a lancha Itapema, que faz a travessia de ciclistas e pedestres entre Santos e Vicente de Carvalho.

A embarcação, com capacidade para 185 pessoas, foi totalmente reformada pelo Departamento Hidroviário, seguindo o programa de melhorias de balsas, rampas e flutuantes do Governo de São Paulo, que desde 2019 vem otimizando o serviço e reduzindo o tempo de espera dos usuários nas oito travessias litorâneas do estado. Com 22 metros de comprimento e seis de largura, a Itapema recebeu investimentos de R$ 2,3 milhões.

“Em junho, a travessia Santos/Vicente de Carvalho já havia recebido a lancha Paicará totalmente reformada, com capacidade para 728 passageiros, o que aumentou em 60% a capacidade de atendimento neste trecho. Isso beneficiou quase 10 mil pessoas que passam diariamente, em média, sendo 7,3 mil pedestres e 2,1 mil ciclistas”, lembra o secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto. “Nosso compromisso é com a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Estamos investindo em obras e reformas de embarcações que trazem mais segurança e confiabilidade ao sistema”, disse o secretário.

Durante a reforma, a Itapema passou por serviços de caldeiraria (troca de chapas); substituição de verdugo (madeira do entorno da embarcação); vedação do convés; pintura; revisão da parte hidráulica e das redes de água, óleo combustível e esgoto. Também foi modernizado o sistema anti-incêndio; a refrigeração do costado e quilha; além de reparos no casco, com aplicação de produto anticorrosivo, melhorias na casa de máquinas, equipamentos de salvatagem e nos compartimentos do leme, tanques e porões.

A Secretaria de Logística e Transportes vem realizando investimentos importantes na modernização do sistema de travessias de balsa. Treze embarcações reformadas foram entregues desde 2019 e, neste período, o valor da tarifa não foi reajustado.

Em três anos e meio, a SLT já investiu mais de R$ 150 milhões na melhoria das sete balsas litorâneas que operam no litoral de SP, incluindo reforma de embarcações, píeres, flutuantes e pontes, recondicionamento de motores e manutenção 24 horas.

Resultados

O investimento da Secretaria na melhoria das travessias litorâneas vem dando bons resultados. Nas festas de Natal de 2021 e do Réveillon 2021-2022, por exemplo, em comparação a 2019 (antes da pandemia), apesar do aumento na movimentação de veículos de 15% e 13%, respectivamente, o tempo médio de espera para embarque nas travessias litorâneas de São Paulo caiu 26%.

Pelo segundo ano consecutivo, a travessia São Sebastião/Ilhabela não registrou filas, com o tempo de espera permanecendo em 30 minutos no Natal e no Réveillon. Já para quem utilizou Santos/Guarujá, a redução foi significativa.

O tempo máximo de espera para embarque, no período de Natal, caiu de 70 minutos em ambos os lados em 2019 para 15 minutos em Santos (redução de 78,5%) e 30 minutos no lado do Guarujá (57% menor). No Réveillon, tais reduções foram de 70% (em 2019-2020) e 50% (2021-2022), respectivamente.

terça-feira, 12 de julho de 2022

São Paulo

“Aquático”: decreto de Nunes acelera implantação do Sistema de Transporte Hidroviário na Billings


Por Alexandre Pelegi


Rua do Mar Paulista, próximo à Estrada do Alvarenga, local onde deverá ser construído o Terminal Pedreira.

Ato do prefeito define desapropriações necessárias à implantação do corredor de ônibus Nossa Senhora do Sabará; em outro decreto, áreas desapropriadas serão necessárias para o Terminal de ônibus Jardim Miriam.

A Prefeitura de São Paulo publicou uma nova medida que acelera a implantação do primeiro modo de transporte coletivo por embarcações na cidade, o “Aquático”, situado na represa Billings.

O “Aquático”, com cerca de 3km de extensão, será integrado aos demais sistemas de transportes. Para isso, terá atracadouros e terminais de ônibus para permitir a transferência dos usuários entre os modais.

Ou seja, ele se integrará aos corredores de transporte de ônibus, garantindo a multimodalidade e o uso do Bilhete Único em todo o sistema.

Na edição do Diário Oficial dessa sexta-feira, 08 de julho de 2022, o prefeito publicou dois decretos de utilidade pública de imóveis particulares, passo que antecede as medidas legais de desapropriação das áreas, necessárias à implantação dos equipamentos do transporte coletivo.

As áreas citadas nos dois decretos estão situadas nos Distritos de Santo Amaro, Campo Grande e Pedreira, Subprefeituras de Santo Amaro e Cidade Ademar (implantação de corredor de ônibus); e distrito de Cidade Ademar (implantação de terminal).

O Decreto nº 61.528 define a necessidade de desapropriações necessárias à implantação do corredor de ônibus, com área total de 61.876,15 m². Trata-se, neste caso, do Corredor Sabará, com aproximadamente 6,9 quilômetros de extensão, localizado nas Subprefeituras da Capela do Socorro, Cidade Ademar e Parelheiros, na Zona Sul.

Já o Decreto nº 61.529 se refere às desapropriações necessárias para a construção do Terminal Jardim Miriam, que será construído na região Sul da cidade, localizado na Avenida Cupecê, entre as ruas Luís Stolb e Francisco Alves de Azevedo.

CORREDOR SABARÁ

No primeiro Decreto, do corredor Sabará, fica evidente sua importância para o futuro sistema hidroviário da Billings.

Como se pode ver no mapa abaixo, tanto o corredor Nossa Senhora do Sabará, quanto o Miguel Yunes, desembocam na Pedreira, um dos polos da represa que será local de embarque e desembarque da travessia para Cocaia.

Em nota, a SPTrans confirmou ao Diário do Transporte que o projeto está vinculado ao “Aquático”:

“Esta é uma via importante que proporcionará a locomoção dos munícipes da região de forma mais ágil, diminuindo o tempo de viagem do trajeto e aumentando a acessibilidade a outras regiões da cidade. O traçado no sentido bairro tem início na Rua Isabel Schimidt, Rua Carlos Gomes, Rua Borba Gato e desenvolve-se ao longo das avenidas Nossa Senhora do Sabará, Emérito Richter, Estrada do Alvarenga e Rua do Mar Paulista, no futuro Terminal Pedreira do Aquático”.



O decreto dando início à desapropriação de áreas para a implantação do corredor Miguel Yunes foi publicado no Diário Oficial de 12 de janeiro de 2022, como noticiou o Diário do Transporte. O Corredor, também na zona sul da Capital, tem 4,8 km de vias exclusivas para ônibus. Os imóveis particulares estão situados no Distrito de Campo Grande, Subprefeitura de Santo Amaro, necessários à implantação do Miguel Yunes. Relembre: Prefeitura de São Paulo desapropria área para implantação de corredor Miguel Yunes, Zona Sul da capital

Com a publicação nessa sexta do decreto para o Nossa Senhora do Sabará, a prefeitura fecha a dupla de corredores que se integrará ao sistema Aquático na região da Pedreira. O corredor Sabará, segundo a SPTrans informou ao Diário do Transporte, tem aproximadamente 6,9 quilômetros de extensão, localizado nas Subprefeituras da Capela do Socorro, Cidade Ademar e Parelheiros, na Zona Sul.

HISTÓRICO

Como vem mostrando o Diário do Transporte, a prefeitura tem publicado decretos de utilidade pública com vistas a desapropriar áreas necessárias à implantação do sistema de transporte por barcos.

Em 14 de fevereiro deste ano, o prefeito declarou de utilidade pública área destinada ao Terminal Cocaia, equipamento planejado para ser implantado próximo à Estrada Canal do Cocaia. Trata-se de terminal de ônibus que integra o projeto do ‘Aquático’ – Sistema de Transporte Público Hidroviário na Represa Billings. Relembre: Prefeitura de SP inicia processos de implantação do Terminal Cocaia, na Billings, e da continuação de parte do corredor Leste Itaquera

No dia 06 julho, Ricardo Nunes publicou decreto que declara de utilidade pública cerca de 22 mil metros quadrados de imóveis particulares para a implantação do Terminal Atracadouro Pedreira, em Cidade Ademar. Este Terminal acomodará linhas de ônibus da localidade, permitindo a transferência dos usuários do sistema de ônibus para as embarcações de travessia aquática entre Cocaia e Pedreira.

TRAVESSIA COMO PARTE DO HIDROANEL METROPOLITANO

Para o consultor Frederico Bussinger, que ocupou diversos cargos na área de transporte do estado e da capital paulista, caso a desapropriação das áreas tanto para os atracadouros, como para os corredores de ônibus sejam concluídas, e os corredores de ônibus implantados, o projeto do Aquático fica exequível.

Ele ressalta que pode-se grosso modo dizer que há dois tipos de transporte hidroviário. “Há os longitudinais (que seguem curso de rios) e os de travessias (como é o caso do Aquático da Billings). As travessias em geral são mais viáveis, pois sua alternativa, normalmente, são caminhos/estradas bem mais longas – ou seja, eles cortam caminho”.

Frederico diz que os longitudinais, por terem alternativas concorrentes (geralmente rodovias/avenidas), nem sempre são viáveis. “Ou não o são em todas as circunstâncias. É o caso da navegação pelos Rios Tietê e Pinheiros (parte do Hidroanel): para mim só são viáveis para Cargas (pessoas não – pois as “linhas de desejo” lhe são ortogonais) e, bem assim, por razões para além da economia direta (emissões, redução de congestionamentos, etc)”, completa Bussinger.

Bussinger faz questão de ressaltar, entretanto, que essas travessias são parte do projeto do Hidroanel Metropolitano. “A conexão entre as represas e rios daria a São Paulo cerca de 170 a 190 km de águas navegáveis, que auxiliariam também no abastecimento dos municípios e controle de cheias”.

Apesar do avanço, ele lamenta uma grande dificuldade que se tem para a implementação do transporte hidroviário na Região Metropolitana de São Paulo: as visões pontuais, fragmentadas… “agora é a travessia”, diz o consultor.

“A meu ver é importante que se tenha a visão de conjunto, e que se saiba a casa que cada tijolinho está ou pode estar construindo”. E ilustra melhor sua noção de conjunto:

“Antes tratou-se isoladamente do projeto imobiliário na região da Usina da Traição (entroncamento da Av. Marginal Pinheiros com a Av. Bandeirantes)… Antes a eclusa da Penha (ora sendo concluída). Antes o aprofundamento das Calhas. Antes a eclusa do Cebolão …. e assim por diante”, conclui Bussinger.

AQUÁTICO


O “Aquático” será integrado aos demais sistemas de transportes. Para isso, terá atracadouros e terminais de ônibus para permitir a transferência dos usuários entre os modais.

A São Paulo Transporte S/A (SPTrans) estima que com a implantação do sistema de travessia da represa por barcos, reduzirá o tempo de deslocamento dos moradores entre as regiões da Estrada da Cocaia e o bairro de Pedreira, além de beneficiar também a região do Grajaú. A demanda prevista é de 10 mil passageiros por dia útil.

Vale lembrar que Ricardo Nunes, então vereador da capital em 2014, propôs um projeto que previa a incorporação do Sistema de Transporte Público Hidroviário de São Paulo (STPHSP) à rede de transporte coletivo.

Aprovada e depois promulgada no mês de junho daquele ano, a Lei 16.010/2014 determina integrar o transporte por rios e represas da cidade ao sistema de transporte por ônibus e trilhos, tudo pago com o Bilhete Único. Pela Lei, os portos estarão integrados ao sistema de ônibus, metrôs e trens.


Uma vez eleito, o falecido prefeito Bruno Covas incluiu em seu Plano de Metas, hoje aprovado pela Câmara, a implantação do Sistema de Transporte Público Hidroviário na represa Billings. A proposta inclui a construção de atracadouros integrados a terminais de ônibus para embarque e desembarque na rede de transporte público hidroviário.

O “Aquático” será integrado aos demais sistemas de transportes. Para isso, terá atracadouros e terminais de ônibus para permitir a transferência dos usuários entre os modais.

A São Paulo Transporte S/A (SPTrans) estima que com a implantação do “Aquático” reduzirá o tempo de deslocamento dos moradores entre as regiões da Estrada da Cocaia e o bairro de Pedreira, localizados próximos à represa, além de beneficiar também a região do Grajaú. A demanda prevista é de 10 mil passageiros por dia útil.

Vale lembrar que o prefeito Ricardo Nunes, então vereador da capital em 2014, propôs um projeto que previa a incorporação do Sistema de Transporte Público Hidroviário de São Paulo (STPHSP) à rede de transporte coletivo.

Aprovada e depois promulgada no mês de junho daquele ano, a Lei 16.010/2014 determina integrar o transporte por rios e represas da cidade ao sistema de transporte por ônibus e trilhos, tudo pago com o Bilhete Único. Pela Lei, os portos estarão integrados ao sistema de ônibus, metrôs e trens.

Uma vez eleito, o falecido prefeito Bruno Covas incluiu em seu Plano de Metas, hoje aprovado pela Câmara, a implantação do Sistema de Transporte Público Hidroviário na represa Billings. A proposta inclui a construção de atracadouros integrados a terminais de ônibus para embarque e desembarque na rede de transporte público hidroviário.


Modelo na utilização do transporte hidroviário, Londres possui alguns barcos com acesso à internet sem fio e lanchonetes. Apesar da importância histórica, hidrovias londrinas passaram por um processo de abandono e foram recuperadas apenas nos anos 1960.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Link da Matéria com o Decreto




sexta-feira, 8 de julho de 2022

São Paulo

Decreto da prefeitura prevê transformar área de 22 mil m² na Zona Sul de SP em terminal de transporte hidroviário

06/07/2022 - G1 SP

Por SP2

De acordo com a publicação do Diário Oficial desta quarta, ficam declarados de utilidade pública, para ser desapropriados judicialmente ou adquiridos mediante acordo, imóveis particulares necessários à implantação do terminal Atracadouro Pedreira. Não há data para início das obras.

Uma área de 22 mil m², na região da Pedreira, Zona Sul da capital paulista, foi declarada como de interesse público para a construção de um terminal de transporte público hidroviário. A informação foi publicada nesta quarta-feira (6) no Diário Oficial como parte do plano de implantação do sistema na Represa Billings.

Ainda não há uma data para o início das obras do Aquático SP, o primeiro modal de transporte coletivo por embarcações na cidade, segundo a prefeitura.

De acordo com a publicação do Diário Oficial desta quarta-feira (6), ficam declarados de utilidade pública, para ser desapropriados judicialmente ou adquiridos mediante acordo, os imóveis particulares necessários à implantação do terminal Atracadouro Pedreira, contidos na área de 21.825,53 m².

Planejamento para desenvolver transporte hidroviário em SP
Foto Reprodução/TV Globo


Um outro terminal seria construído do outro lado da represa, no Parque Cocaia. A ideia é atender parte da demanda de passageiros com barcos e, assim, desafogar os ônibus e, por consequência, as ruas e avenidas da região.

De acordo com um documento publicado em abril no site da Prefeitura de São Paulo, o Terminal Pedreira deverá ser instalado entre a Estrada do Alvarenga e a Rua do Mar Paulista. Na outra extremidade da represa, o terminal ficará perto da Estrada Canal de Cocaia.

A implantação do sistema de transporte público hidroviário está no plano de metas da prefeitura nesta gestão. A primeira fase do projeto prevê a instalação dos primeiros atracadouros integrados a terminais de ônibus. O objetivo, ainda de acordo com o plano, é reduzir o tempo de viagem para moradores do Grajaú e da Pedreira. Atualmente, o munícipe precisa contornar toda a represa entre as regiões.

O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) Nabil Bonduki foi vereador e relator do Plano Diretor que incluiu este sistema como uma alternativa para o transporte público da cidade.

Ele explica que uma das vantagens é que não haverá o custo da implantação da via, que neste caso, é a água, mas diz que a prefeitura precisa apresentar um projeto mais bem detalhado para a operação.

“A sociedade precisa conhecer melhor esse projeto, precisa ser melhor apresentado para que a gente possa discutir inclusive o seu custo e o que ele vai trazer de benefício. Então esse custo benefício de quanto vai custar para sua implantação, quantos passageiros vai transportar, qual região vai ser atendida... Tudo isso precisa ser melhor avaliado e acho que é muito importante que a prefeitura possa abrir esse debate porque hoje não existe detalhamento do projeto que nos permita fazer uma avaliação precisa”, afirma.

O professor destaca ainda a importância de avaliar os impactos ambientais do sistema.

“Estamos em região de manancial e o transporte pode estimular uma ocupação que na verdade naquela região deveria ser limitada em função dos impactos ambientais que ela causa. Então a melhoria do transporte coletivo na região precisa ser acompanhada de maior fiscalização da prefeitura para evitar que a região se adense exageradamente, até porque isso vai prejudicar até a própria água.”

Em nota, a prefeitura afirmou que o novo modal será totalmente integrado aos já existentes na cidade, inclusive aceitando pagamento via Bilhete Único, e contará com atracadouros e terminais que serão construídos para acomodar os ônibus das linhas que circulam nos bairros próximos e permitir a integração dos passageiros entre os ônibus e as embarcações para a travessia aquática.

A primeira fase de implantação do Aquático está prevista no Plano de Metas 2021-2024. O projeto também está previsto no Plano Diretor Estratégico do Município.

Link da Matéria com vídeo

terça-feira, 28 de junho de 2022

Pará

Governo entrega novo Terminal Hidroviário de Alenquer reconstruído

27/06/2022 - Agência Pará

Por Bruno Magno (CPH)

O terminal será o décimo entregue pelo Estado na região do Baixo Amazonas. Equipamento público deve beneficiar mais de 60 mil habitantes.

Foto Divulgação


O Governo do Pará, por meio da Companhia de Portos e Hidrovias do Pará (CPH), entregará totalmente reconstruído e adequado o Terminal Hidroviário de Passageiros e Cargas de Alenquer, no Baixo Amazonas, nesta terça-feira (28). No total, o Estado investiu mais de R$ 4,5 milhão no novo equipamento público. O presidente da CPH, Abraão Benassuly, e o governador do Estado, Helder Barbalho, participam da cerimônia de entrega do porto, que vai beneficiar mais de 60 mil habitantes. 

Com a enorme expectativa para a entrega do terminal hidroviário, o pintor Leandro da Silva Santos, de 34 anos, não esconde a empolgação em ver o local prestes a dar início nas suas operações, após 13 anos parado.

”Eu nasci e vivo até hoje em Alenquer, e sei muito bem como é viver em uma cidade em que o transporte fluvial é o meio mais utilizado para se locomover’’, contou o morador. 

Além disso, o pintor profissional destacou que um dos períodos mais difíceis foi durante o pico da pandemia de Covid-19.

 ”Precisávamos ir em busca de atendimento médico, e com as enchentes, ficava inviável se locomover, pois sem o terminal, as estradas ficavam cheias, e não tinha como sair de carro, ou moto. Agora vamos voltar a ser felizes, novamente, graças ao esforço e boa vontade dos que nos ajudaram a ter o terminal de volta, em especial o governador Helder Barbalho” disse o morador. 

Estrutura 

O novo terminal contará com cadeiras confortáveis, banheiros masculino, feminino e pessoas com deficiência, carrinhos para bagagens, guichês para vendas de passagens, lanchonete, salas para órgãos do governo, guarda-volumes, TV e bebedouro. 

Já a obra naval contempla a instalação de rampa metálica biarticulada coberta e flutuante coberto, para embarque e desembarque de passageiros, equipamento que o antigo por não possuía. O terminal também conta com Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), além de sinalização, acessibilidade e paisagismo. 

Localizado na orla da cidade, às margens do rio Surubiú, o novo porto será administrado pela Prefeitura de Alenquer e estava interditado há 12 anos por problemas estruturais identificados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), órgão federal que regulamenta a construção e reforma desses espaços. Somente na atual gestão a obra foi reiniciada, e agora, concluída pelo Estado.

O Terminal Hidroviário de Alenquer será o décimo porto entregue pelo Estado na região do Baixo Amazonas.

A data para início das operações do terminal ainda será definida pelo Governo do Estado em parceria com a Companhia de Portos e Hidrovias.


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Rio de Janeiro

Prefeitura do Rio dá aval para estudo sobre transporte hidroviário para desafogar a Barra

08/06/2022 - O Globo

Dois grupos foram autorizados a avaliar a implementação do transporte por embarcações no complexo lagunar da região

Por Ludmilla de Lima*

Terminal de balsas que faz transporte dos moradores da Península, na Lagoa da Tijuca. Foto Guito Moreto


Mergulhado em congestionamentos e no caos que atinge hoje os sistemas de ônibus e BRTs, o trânsito da região da Barra e Jacarepaguá pode ser desafogado com uma solução que vem das lagoas. A proposta de criar linhas hidroviárias pelo complexo lagunar é antiga, mas veio à tona novamente após a Secretaria municipal de Coordenação Governamental autorizar oficialmente que dois grupos façam estudos sobre a implementação desse transporte por embarcações.

Desta vez, a ideia, que afundou outras vezes, ganha um reforço para sair do papel: o compromisso da concessionária Iguá — que, após o leilão da Cedae, opera os serviços de água e esgoto para mais de 1,2 milhão de pessoas na região — de despoluir as lagoas, num investimento de R$ 250 milhões.

Hoje, a navegação dessas embarcações com passageiros pelas lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá e Marapendi e seus canais esbarraria no assoreamento. Há trechos na Lagoa da Tijuca, a mais degradada, em que é impossível a passagem até de barcos preparados para menores profundidades.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp) — empresa pública que será transformada na Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), conforme projeto de lei aprovado ontem, em segunda discussão, pela Câmara — é quem levará adiante o processo de concessão dessa alternativa de mobilidade, cujos levantamentos têm prazo de quatro meses para ficarem prontos.

Marina no canal da Barra

Presidente da Cdurp, Gustavo Guerrante diz que a prefeitura, antes, estabeleceu o conceito do projeto.

— Definimos a área de abrangência, que seriam as lagoas da Barra e adjacências, além dos canais entre elas, e avaliamos os pontos com grande potencial de demanda — afirma Guerrante, exemplificando alguns locais que precisam estar no trajeto. — Um ponto é a estação do metrô, no Jardim Oceânico, bem perto do canal da Barra. Depois vêm o Downtown, o BarraShopping, a Ilha da Gigóia, as comunidades de Rio das Pedras e Tijuquinha e o Península.

Em relação à Lagoa de Marapendi, a prefeitura espera o seu aproveitamento para o turismo. Os estudos apontarão quais embarcações serão usadas — os modelos poderão ser diferentes, de acordo com o trajeto. Também será analisada a instalação de uma marina no canal da Barra, como meio de contrapartida financeira para uma futura concessionária.

— Pensamos nesse transporte saindo do metrô e indo até o Recreio. Sabemos que há boa demanda em alguns horários, necessitando de embarcações de maior porte. Mas serão feitos estudos para avaliação de calado — ressalta Lucas Costa, coordenador especial de Parcerias Estratégicas do município, adiantando que, se os estudos apontarem a viabilidade do transporte, inclusive em termos econômicos e jurídicos, o edital de concessão poderá sair ainda este ano.

As empresas interessadas na proposta foram chamadas publicamente em dezembro. O prazo era março, mas, nesta primeira tentativa, não apareceu ninguém. Prorrogado por mais um mês, o processo acabou recebendo requerimentos de três grupos, mas um foi eliminado após avaliação. Um dos consórcios é integrado pelas empresas ECP (que faz a gestão ambiental do Campo Olímpico de Golfe), OECI e Sensus, além da UFRJ e da Coppetec. Já o Grupo Itaigara une as empresas Saddy Advogados, Navarro Prado Advogados, Planos Engenharia, Bureau de Engenharia, Okaan Consultoria e Antabi Rangel e Sousa Advogados.

Caso algum dos estudos seja colocado em prática, a empresa responsável por ele será ressarcida — o teto é de R$ 6,2 milhões.

Para Guerrante, o maior desafio é a navegabilidade:

— É um projeto que não demanda grandes obras de infraestrutura. As embarcações dificilmente serão encontradas na prateleira, tendo de ser encomendadas. Nesse meio tempo, poderão ser feitas intervenções de dragagem e as obras das estações. Há um volume relevante a ser dragado pela Iguá. Para o concessionário que vencer o processo, restaria um volume bem menor do que o visto hoje.

O biólogo Mario Moscatelli recorda que a primeira vez em que ouviu sobre sistema de transporte aquaviário na Barra foi em 2005, no governo Cesar Maia. Na época, foi baixado decreto criando uma linha ligando o bairro ao Centro e outra entre Centro e Guaratiba, com escala na Barra. Em 2017, o governo Marcelo Crivella fez discurso parecido: implantaria um sistema entre condomínios e a estação do Jardim Oceânico por meio de hovercrafts, um tipo de embarcação que plana sobre a água. Também naufragou.

Mapa do transporte aquaviário. Foto Editoria de Arte


— Para implantar esse sistema, a primeira coisa a ser feita é dragar. Hoje há de tudo nas lagoas, de sofás a geladeiras, além de muito lixo domiciliar. É um verdadeiro caos ambiental. Enquanto elas não deixarem de ser lata de lixo, a navegação ficará comprometida — alerta Moscatelli, para quem os recursos prometidos pela Iguá para o complexo lagunar podem retirar “esse paciente da UTI, impedindo que venha a óbito”:

—O sistema lagunar é o principal passivo ambiental da cidade, mas pode se tornar um dos principais ativos econômicos, se recuperado.

Qualidade de vida: Coleta de esgoto aumenta 11 vezes na Zona Oeste e conta com 1 milhão de moradores beneficiados
Menos carros

O transporte público aquaviário tem como alvo principal a retirada de carros das vias da Barra. O plano é ainda facilitar a vida de quem mora em condomínios e comunidades da região e trabalha no Centro ou Zona Sul — ou mesmo no BarraShopping e no Downtown. Para o gerente de Infraestrutura da Firjan, Isaque Ouverney, há demanda por esse serviço, já que boa parte do tráfego circula por vias, como Salvador Allende e Abelardo Bueno, no entorno das lagoas.

— É uma região que cresce cada vez mais, tanto em adensamento populacional quanto em serviços e oferta de empregos. Então, é uma demanda que pode ser destinada a esse tipo de transporte, desde que ele seja acessível em termos de estações e tarifas e integrado a outros modais, como terminal de ônibus, BRT e, principalmente, metrô — afirma.

O engenheiro de transportes Alexandre Rojas, especializado em mobilidade urbana, afirma que a dragagem das lagoas é uma oportunidade:

— É uma alternativa barata e inteligente, que pode atender principalmente à região do Península. Ali, existe um problema de entrada muito grande, vira um funil, e a partir das 17h você já não consegue chegar devido ao engarrafamento. Para funcionar realmente, porém, é preciso ter uma integração eficiente com outros modais.

Presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck diz que implantar o sistema é uma forma de organizar o transporte nas lagoas e canais, hoje feito por balsas e voadeiras que funcionam como “táxis”:

— Nada disso tem regulamentação, e muitas voadeiras passam em alta velocidade no canal de Marapendi. A prefeitura está certa em querer implementar esse sistema. Mas se não dragarem, não será possível chegar até a altura do metrô ou do BarraShopping, onde fui fazer uma filmagem e fui parar no hospital por causa do gás sulfídrico. O mau cheiro é muito grande.

A Iguá diz que a revitalização do complexo lagunar envolve uma série de ações de curto, médio e longo prazos. Sobre a dragagem, a concessionária informou ter feito a batimetria em 10km dos rios afluentes para medir a profundidade dos leitos. As medições entrarão nos estudos técnicos para o licenciamento ambiental das intervenções junto ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

*Colaborou Luã Marinatto.







quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Baixada Santista

Projeto de transporte hidroviário Santos-Ilhabela aguarda aprovação

15/02/2022 - Costa Norte

Uma das primeiras linhas planejadas ligaria Santos a Guarujá e Bertioga

Foto Ronald Kraag


Um serviço de transporte hidroviário entre as nove cidades da Baixada Santista, além de uma linha Santos-Ilhabela, pode ser viabilizado a partir de um projeto do advogado santista Gontran Parente, que protocolou pedido nesse sentido junto ao Ministério da Infraestrutura (Minfra) para ter acesso a recursos de R$ 220 milhões do Fundo da Marinha Mercante, que financiariam a compra de 58 embarcações e construção de 18 terminais de passageiros.

O projeto foi apresentado à deputada federal Rosana Valle (PSB), que defende a criação de novas opções de transporte público na região e que representem também um incentivo ao turismo. “O Gontran pesquisou muito e agora busca meios de viabilizar este antigo sonho”, comentou a deputada. 

Rosana Valle ficou animada pelo fato de, a pedido de Gontran, um estaleiro naval situado no Complexo Industrial Naval do Guarujá (CING), da Navalbrás, já estar produzindo embarcações, todas em casco de alumínio, com tecnologia e material que segue projeto da empresa Duncan & Lopes, de acordo com a tendência internacional de proteção ambiental. 

Com larga experiência no setor náutico, onde atuou até no exterior, Gontran criou a empresa SP HIDRO justamente para realizar seu sonho de suprir o Brasil do déficit no transporte hidroviário, tanto em rios, estuários e até no mar. 

O projeto, com todos os detalhes e até estimativas de investimento, já está no Minfra, onde teve boa receptividade, uma vez que o ministro Tarcísio de Freitas tem incentivado todos os modais de transporte. “O Governo Federal mostrou interesse e revelou que há falta de investidores nesse serviço, e poderá aplicá-lo até na Amazônia”, afirmou Gontran.

Uma das primeiras linhas planejada por Gontram ligaria Santos a Guarujá e Bertioga, atendendo uma necessidade do contingente de funcionários do serviço público de Bertioga, que residem em Santos e Guarujá, e usariam a linha que percorreria o canal de águas abrigadas que liga os municípios, a exemplo do que já ocorreu no passado, quando uma embarcação turística fazia o serviço.

O entusiasta adiantou que uma embarcação, modelo catamarã, rápida e potente, de 30 metros, também faria a ligação Santos-Ilhabela com capacidade de até 350 passageiros.

Os estudos de viabilidade estão sendo concluídos. Uma vez aprovada a utilização dos recursos do Fundo da Marinha Mercante, o investidor afirma que as primeiras linhas entrariam em operação entre oito a dez meses.


domingo, 16 de janeiro de 2022

Rio de Janeiro

Primórdios da Navegação na Baía de Guanabara

19/07/2016 - Seaerj

Por Milton M.Teixeira

Os primeiros navegantes da Baía de Guanabara foram os índios tamoios. Com efeito, relatos dos jesuítas contam que estes navegavam em canoas feitas com cascas de árvores, capazes de transportar cinqüenta pessoas mais armamentos. Essas canoas causaram grande transtorno aos portugueses nos primeiros tempos e, quando Estácio de Sá as enfrentou numa batalha perto do Morro da Glória, foi ferido de morte por flecha perdida, a 20 de janeiro de 1567.

Após a conquista da Baía pelos portugueses, os jesuítas se utilizaram das canoas indígenas por muitos anos. Depois vieram os barcos e faluas portuguesas, conduzidos por escravos. Uma ida ao outro lado da baía demandava umas quatro horas, com tempo bom. No século XVIII, existiam botes que ligavam diversos pontos do litoral da cidade, de Botafogo à Zona Norte. Somente em 1817 o Rei D. João VI concedeu a dois ingleses, William Spencer e Charles Nicoll, o privilégio de exploração do transporte pela Baía de Guanabara em barcas a vapor, iguais a que existiam nos rios Tamisa, Hudson e Sena. Entretanto, na única experiência realizada, a barca afundou perto da Ponta da Armação, em Niterói, e a concessão caducou.

Em 1821 estabeleceu-se um serviço de navegação a vapor entre o Rio e a Praia Grande, com a barca Bragança. Era muito eficiente, e, por algum tempo, também transportou passageiros para Paquetá e Ilha do Governador, mas, quando se deu a Independência do Brasil, D. Pedro I a requisitou em 1823 para transportar tropas para a Guerra de Independência na Bahia. Lá suas máquinas ficaram arruinadas e não foram mais reparadas.

No dia 14 de outubro de 1835 começou, afinal, um serviço regular de barcas a vapor entre o Rio e o outro lado da baía, com três barcas inglesas armadas em iate, da Companhia de Navegação de Niterói, denominadas Praia Grandense, Niteroiense e Especuladora. Possuíam acomodação para 200/250 pessoas e viajavam de hora em hora, das 6 da manhã às 6 da tarde, fazendo a travessia em 30 minutos.

No Rio, o molhe de atracação ficava na Praia de Dom Manuel (hoje Rua de Dom Manuel!), e em Niterói na Rua da Praia, em frente à antiga Rua do Imperador (hoje Marechal Deodoro). No dia 23 de maio de 1844, às 5 horas da tarde, explodiu as caldeiras da barca Especuladora pouco depois de largar do Rio, perecendo no sinistro cerca de 70 pessoas. Após a catástrofe o Governo determinou vistorias mensais nas máquinas de todas as barcas.

Somente em 1851 foi comprada nova barca, a Niterói, a qual era muito veloz e fazia o percurso da baía em apenas 22 minutos. Nesse mesmo ano foi fundada a Companhia Inhomirim, que explorava a navegação a vapor entre o Porto das Caixas e Estrela, no interior da baía. Logo depois obteve permissão para estender seus serviços até Niterói, com escala em São Domingos.

Em 1852, as duas empresas se fundiram, surgindo daí a Companhia de Navegação de Niterói e Inhomirim, que explorava múltiplas linhas, com seções para Barreto, Ilhas de Paquetá e Governador, Rio Inhomirim e, ainda, para os bairros de São Cristóvão e Botafogo, no Rio.

A 5 de junho de 1858 o Governo Imperial concedeu ao Dr. Clinton Van Tuyl, ou à empresa que organizasse, privilégio para um serviço de comunicações entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, por meio de barcas a vapor do sistema ferry. Organizada a Companhia Ferry, seu serviço foi inaugurado na manhã de domingo, 29 de junho de 1862, com três barcas norte americanas, providas de grandes rodas, com duas proas e capacidade para 300 pessoas, podendo ainda levar carruagens e seus animais. As barcas eram denominadas de: Primeira, Segunda e Terceira, sendo que a família Imperial tomou assento na Segunda. A barca Primeira se atrasou, pois abalroou um patacho, chocou-se contra um flutuante e quase afunda um escaler. A Segunda, que em verdade foi “primeira”, navegou num mar de rosas, tendo aportado em São Domingos, onde o Imperador foi recebido pelo Presidente da Província, Luís Alves Leite de Oliveira Belo, e outras autoridades. Depois de excursionar por Niterói, D. Pedro II retornou ao Rio na barca Terceira. A Companhia Ferry era tão eficiente que seu concorrente, a Companhia de Navegação de Niterói e Inhomirim não resistiu à competição e suspendeu os serviços em fins de 1865.

Pouco depois, a Companhia Ferry pôs em serviço mais duas barcas: a Quarta e a Quinta, e, mais tarde, a Sexta e a Sábado, estendendo o horário do serviço até às 11:30h da noite.

Em 1870 surgiu a Empresa Fluminense, fundada por Carlos Fleiuss, mas logo depois foi vendida para a Companhia Ferro-Carril Niteroiense, sendo afinal absorvida pela Companhia Ferry em junho de 1877. Com mais barcas, a companhia estendeu seus serviços até a Ilha de Paquetá. A 1o. de outubro de 1889, ela se incorporou à Empresa de Obras Públicas no Brasil, organizando-se então, a Companhia Cantareira e Viação Fluminense, com a finalidade de explorar, não só a navegação a vapor na Baía de Guanabara, como os serviços de abastecimento d`água e de bondinhos de burro em Niterói. Teve longa vida essa companhia, sendo apenas extinta na década de 1950.

Por ocasião da Revolta da Armada na Baía de Guanabara, em 1893/4, a barca segunda foi afundada por um tiro de canhão, ficando suspensos os serviços marítimos por quase seis meses. Aproveitou a Companhia para reformar as barcas e dota-las de luz elétrica. Um defeito nesse sistema ocasionou um grande incêndio na barca Terceira, ao anoitecer do dia 6 de janeiro de 1895, próximo a São Domingos, perecendo no sinistro 80 pessoas.

Outro grande incidente ocorreu na tarde do dia 26 de outubro de 1915, quando a barca Sétima (a sábado já havia sido retirada de serviço) afundou ao bater num recife submerso. Na ocasião, ela transportava 328 alunos do Colégio Salesiano de Santa Rosa, Niterói, matando 7 estudantes de doze a quinze anos e um seminarista, o professor Otacílio Nunes.

Em 1958, a Companhia Cantareira e outras foram adquiridas pela Família Carreteiro, proprietária da Frota Barreto, a penúltima empresa particular que operou o transporte de massa entre o Rio e Niterói. A queda de qualidade dos serviços da Frota Barreto motivou grande revolta popular em 1959, quando a antiga estação hidroviária de Niterói foi incendiada e depredadas várias barcas, em tumultos que duraram alguns dias.

Depois da revolta, houve uma intervenção federal na empresa que durou cinco anos, após o que os transportes marítimos de massa pela baía foram estatizados e mantidos pelo Serviço de Transportes da Baía de Guanabara (STBG), depois CONERJ, até que a 12 de fevereiro de 1998 o controle acionário passou para um grupo de empresas privadas pelo prazo de 25 anos renováveis, surgindo daí a empresa BARCAS S/A, a qual, presentemente, opera cinco linhas, com quinze lanchas, dois catamarãs e quatro barcos; possuindo quatro estações, pelas quais passam em média 70 mil passageiros/dia.