sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Confusão nas barcas: compra de 11 novas embarcações em estudo, mas sem previsão de chegada

EXCESSO DE PASSAGEIROS


Publicada em 19/08/2010 às 23h24m
Isabel de Araújo - O Globo - 19/08/2010
    RIO

    Após tumulto, movimento na estação das Barcas na Praia Araribóia é normalizado. Foto: Márcia Foletto / O Globo- O secretário estadual de Transportes, Sebastião Rodrigues, disse, nesta quinta-feira, que está em estudo a compra de 11 novas embarcações para a travessia Rio-Niterói, contudo, ainda não há previsão de quando serão entregues. Durante a manhã, um atraso na Estação Araribóia das barcas, em Niterói, provocou tumulto e longas filas nos acessos ao terminal de embarque.
    - Quanto às barcas, acredito que em três meses o estudo para a abertura de licitação para a compra de 11 novas embarcações esteja concluído. Ainda não posso dar um previsão de quando chegam as embarcações - disse.
    O gerente de Logística e Atendimento ao cliente da Barcas S/A, Mário Góes, explicou que a estação recebeu uma demanda 13% superior ao fluxo médio diário. Segundo ele, a empresa está trabalhando no limite e as filas só diminuirão quando o governo do estado efetivar a compra de novas embarcações.
    - Nossa média diária, das 6h até às 9h, é de 19 mil usuários embarcando na Estação Araribóia. Na manhã de hoje (quinta-feira) recebemos 21.500 passageiros. Mesmo partindo a cada dez minutos e realizando três viagens extras, às 8h35m, 8h45m e 9h35m, houve formação de filas de acesso à estação - disse Góes.
    O problema começou às 8h30m, quando o catamarã social Gávea I apresentou defeito e ficou atracado na estação. A concessionária Barcas S/A. deslocou a barca tradicional Ipanema, com capacidade para dois mil passageiros, para fazer a travessia até o Rio. Inconformados com a necessidade de viajar num modelo mais antigo, alguns passageiros se recusaram a embarcar, aumentando o tempo de espera. Houve quem pulasse as roletas e dois dos equipamentos eletrônicos foram quebrados. As catracas foram travadas e, como consequência, a fila do lado de fora do saguão principal cresceu ainda mais e quase chegou ao Shopping Bay Market, a 400 metros da estação.
    Para usuários, problema de filas é diário
    - Cheguei à estação às 8h40m e só consegui embarcar às 9h. Colocaram a barca velha e ninguém quis embarcar. Isso provou um tumulto e pessoas tentaram invadir a estação. Nenhum funcionário explicava o que acontecia - contou o advogado André Martins Toffano, de 25 anos, acrescentando que o problema de filas é constante. - Todos os dias a partir das 18h começa o tormento.
    Outra passageira, a também advogada Gabriela Rodrigues, de 23 anos, perdeu a barca que costuma pegar às 8h40m e só embarcou na das 9h10m, chegando atrasada ao trabalho.
    - Colocaram a barca antiga para a gente atravessar e me recusei. Há poucos dias embarquei numa que viajou com excesso de passageiros e precisamos retornar à Praça Quinze. Nunca mais caio nesta furada - justificou-se.
    Para piorar a situação, o enguiço de um ônibus na Rua Benjamin Constant, no Barreto, na Zona Norte de Niterói, interditou o trânsito no local das 7h50m às 8h20m e retardou a passagem de dezenas de outros coletivos que seguiam da Zona Norte e de São Gonçalo em direção à estação das barcas. A liberação do fluxo, segundo confirmou a prefeitura, aconteceu depois das 8h20m e foi mais um complicador para a vida dos usuários que engrossaram as filas.
    O Conselho Diretor da Agetransp instaurou processo regulatório sobre o tumulto.
    A Câmara dos Vereadores de Niterói agendou uma visita à Agetransp na próxima segunda feira para cobrar uma solução para os problemas no serviço da Barcas S/A.
    De janeiro até o último dia 10, o posto de atendimento da Agetransp instalado na estação da Praça Quinze já tinha recebido 190 reclamações referentes ao serviço prestado pela Barcas S/A, das quais 32% (60 queixas) são relacionados a atrasos nas viagens e 13,5% (25) a intervalos irregulares (cancelamento de partidas ou demora no percurso)
    Saturação também no metrô
    O problema de saturação, no entanto, não é exclusivo das barcas. Outras concessionárias de transporte público da cidade estão operando no limite, a demanda de passageiros aumentou e não há previsão de aumentar a frota ainda este ano. De janeiro a julho, a Agetransp recebeu 597 reclamações relacionadas ao metrô, sendo 107 relacionadas à superlotação e 295 à falta de ar condicionado.
    - Todos os dias deixo passar pelo menos duas composições para conseguir entrar num vagão aqui na Estação Central. E mesmo assim vou de pé e imprensada entre os passageiros. É uma verdadeira tortura - reclamou a doméstica Maria Margarida, de 35 anos, moradora da Pavuna.
    Solução, só em 2011, diz secretário de Transportes
    Segundo o secretário, para o metrô a solução somente virá no próximo ano.
    - Já foram comprados 114 novos carros para o metrô, mas a previsão de entrega é na metade do ano que vem - afirmou.
    A Metrô Rio informou que a partir do segundo semestre de 2011 a capacidade do metrô vai dobrar e a previsão é de que até 2014 passe a transportar 1.100 milhão de usuários. Hoje, o metrô transporta 550 mil pessoas por dia, apesar da demanda de 770 mil.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário